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Ninguém aprende sem o “desejo de aprender”, e me desculpem pela redundância.

  • Foto do escritor: Gabriel Costa
    Gabriel Costa
  • 20 de out. de 2019
  • 3 min de leitura

O desejo é uma das principais contribuições da Psicanálise para a Educação. Para essa ciência o desejo do aluno e o do professor devem estar alinhados para que a aprendizagem vá se construindo.

Mas que desejo é esse?

Melanie Klein (1882 – 1960), uma psicanalista austríaca pós-freudiana, trouxe em sua teoria sobre o desenvolvimento infantil o que chamou de sentido/impulso epistemofílico. Segundo ela, este impulso seria responsável por fomentar na criança bem pequena o desejo por saber, por conhecer as coisas do mundo que a cerca.

Como de se esperar, quando falamos em psicanálise, a primeira “expressão comportamental” ou digamos, a primeira dúvida fomentada pelo impulso epistemofílico seria o desejo em saber de onde vem os bebes, ou seja, esse sentido está ligado ao desenvolvimento psicossexual.


Para a autora a resolução adequada desta dúvida (por meio de uma explicação realista porém adaptada ao grau de compreensão da criança) libertaria esse impulso o que estaria relacionado a uma curiosidade positiva, um prazer em aprender, algo muito positivo à Educação.

Caminhando na linha do tempo e saindo da Psicanálise, encontraremos outro grande nome para a Educação, desta vez em Israel num contexto pós-holocausto, falo do professor e psicólogo Reuven Feuerstein (1921 – 2014). Feuerstein foi responsável pelo o que chamaríamos hoje de reabilitação cognitiva de uma grande números de crianças e adolescentes que sobreviveram ao holocausto mas, que traziam consigo, grandes marcas em sua cognição e em seu comportamento.

Aprender para essas crianças era algo que nem poderia ser cogitado caso Feuerstein levasse em consideração os resultados fatalistas e imodificáveis dos testes psicológicos da época (e talvez dos atuais). Após muitos estudos e pesquisas Feuerstein criou duas teorias: a da Aprendizagem Mediada e a da Modificabilidade Cognitiva Estrutural.

Para este texto irei me ater apenas a primeira. A Teoria da Aprendizagem Mediada, dentre outras coisas, elenca alguns critérios para que haja mediação dos conteúdos, e por conseguinte aprendizagem.

Dentre esses critérios está a reciprocidade. Ser recíproco diz respeito a reagir coerentemente ao estímulo oferecido pelo meu interlocutor (Por exemplo: se alguém deseja me ensinar reajo desejando aprender).

Sem que o aluno seja recíproco ao professor, o paciente ao terapeuta, etc a mediação não ocorre, e por conseguinte a aprendizagem também não. Como vimos em duas teorias robustas, porém distintas, o aluno deve desejar e estar aberto a este processo de ensino e aprendizagem.

Mas como ensinar a aquele que não quer aprender?

Sei que esta pergunta paira pela cabeça do leitor e então ousarei a reformula-la para: O que ensinar a aquele que não quer aprender?

O não querer aprender tem várias nuances. Os psicopedagogos com certeza lançariam mão de algum teste projetivo para investigar uma possível causa afetiva para isto. Mas seja lá qual for a origem (um trauma, ou mesmo um transtorno como o Autismo, que “bloqueia” a criança para o aprender devido a sua falta de reciprocidade ao interlocutor, por exemplo) a terapia deverá passar por uma ressignificação do aprender.

Toda a aprendizagem traz consigo (ou deveria trazer) uma tonalidade emocional positiva. A aprendizagem tem uma vertente prazerosa (para a Psicanálise) ou um reforçamento positivo (para a Terapia Comportamental), e o nosso papel é poder ensinar ou resgatar isso ao nosso educando.

Gosto de pensar que nosso papel é ensinar o aluno a desejar aprender, mesmo que não saiba se em termos teóricos isto exista, ou seja possível (E se caso não for me permitam utilizar esta frase com a desculpa de uma liberdade poética).

Deixo a vocês uma última inquietação: o conteúdo não pode vir antes da reciprocidade do aluno para com o professor, o vínculo deve ser o primeiro trabalho pedagógico a se realizar.


Espero ter contribuído!

 
 
 

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